domingo, 3 de janeiro de 2010
TEMPLO DO SENHOR DOS AFLITOS
No lugar antigamente designado por Torrão, berço da centralidade do que é hoje a Vila de Lousada, no topo de um alto e abrupto monte que acolhe, majestoso, o visitante, ergue-se a imponente Capela do Senhor do Aflitos, imperturbável, dominando placidamente.
Por meados do século XIX esta elevação designava-se Monte das Pedrinhas. Era escalvado e estéril, servindo para apascentar alguns gados. No seu cume havia uma modesta capela em madeira, muito pobre e ameaçando a ruína. Nas Memórias Paroquiais de 1758 não há qualquer referência à dita capela, nem a outro tipo de construção no dito monte. É, pois, provável que, apesar da sugestão do nome primitivo – “pedrinhas” –, nunca tenha existido qualquer estrutura no seu topo.
O templo que hoje contemplamos foi o resultado da vontade de um conjunto de personalidades da Vila que decidiram patrocinar uma capela na qual fosse venerada a imagem do Senhor dos Aflitos.
Foi necessário pedir aos diversos proprietários do monte que cedessem ou doassem as suas parcelas. Foi igualmente feita uma colecta para dar início às obras, isto no ano de 1857. Esta quantia inicial logo se esgotou o que motivou algumas paragens e diversos atrasos. A magnificência da capela sorvia rapidamente o dinheiro, mesmo as generosas e elevadas quantias doadas por alguns ilustres beneméritos. Sendo assim, só em 1892 se anunciou a conclusão das obras por um termo de recordação registado pelo Padre António Ventura Pereira.
Esta é uma capela cujas obras estão muito bem documentadas. Sabe-se que o mestre-de-obras foi Joaquim Oliveira Portela, das Caldas de Vizela, que aceitou este serviço por três contos de reis.
É, no entanto, com alguma surpresa que, por volta do ano de 1907, apenas 15 anos depois da conclusão das obras, o tecto já ameaçasse cair. Depois de um alerta no Jornal de Lousada este restauro foi iniciado, estando pronto no ano seguinte.
A Capela do Senhor dos Aflitos é toda em cantaria rebocada à excepção da frontaria que recebeu azulejaria em tons de azul. O seu portal principal é precedido por um nártex ou átrio que se abre numa arcada de três arcos de volta perfeita. Logo acima da arcada rasgam-se três amplas janelas emolduradas. Sobre a arquitrave um frontão clássico e remates de forma cónica.
A torre sineira eleva-se a grande altura, contrariando a horizontalidade clássica que o templo cumpre. Os sinos foram colocados mais tarde. Um deles tem gravada a seguinte inscrição: “Feito à custa duma subscripção promovida no Rio de Janeiro por José de Souza Freire em 1893”. Foi feito na fábrica de João Ferreira Lima na cidade de Braga.
HISTÓRIA DA FREGUESIA
No século XIX Silvares tornou-se, definitivamente, o centro político, judicial e administrativo do Concelho de Lousada. Pelo lugar antigamente designado de Torrão foi passando toda a vida social da emergente vila, impulsionada pelas profundas reformas e novas orientações da Regeneração. O mosteiro de Santo Estêvão de Vilela detinha nesta freguesia diversos bens, à semelhança de outras instituições, adquiridos quer por testamentos, quer por compras. Como foi o caso da doação do clérigo Egas Lovesendes, em 1130, do que este possuía em Pereira, metade da Quinta e ainda o casal de Jusão. Em 1148, Paio Peres, outro religioso, deixou ao mosteiro, tudo o que tinha em Pereira, na Quinta e no Casal do Fundo.
Em 1220, segundo o abade D. Miguel e os jurados das inquirições, D. Afonso II tinha aqui um casal que pagava o seu arrendamento em diversos géneros. Passados 8 anos, em Maio, regista-se a venda que Rodrigo Henrique e sua mulher Maria Gonçalves fizeram a Gonçalo Pires e a sua mulher Ouroana Pires, de tudo o que tinham nesta freguesia, no lugar do Pinheiro.
D.Afonso III, a 17 de Setembro de 1272, concede carta de foro a Miguel Pires e a sua mulher Maria Viegas pelo casal de Covas, que se situava nesta freguesia. Pelas Inquirições de D. Dinis, em 1290, no lugar chamado Mó havia dois casais do Rei. Todo o resto da freguesia pertencia à Ordem do Hospital. No lugar de Silvares, o mosteiro de Pombeiro tinha um casal, também honrado, por pertencer a um fidalgo. Na Pereira, lugar desta freguesia, também o mosteiro de Vilela tinha 2 casais honrados.
D.Afonso III, a 17 de Setembro de 1272, concede carta de foro a Miguel Pires e a sua mulher Maria Viegas pelo casal de Covas, que se situava nesta freguesia. Pelas Inquirições de D. Dinis, em 1290, no lugar chamado Mó havia dois casais do Rei. Todo o resto da freguesia pertencia à Ordem do Hospital. No lugar de Silvares, o mosteiro de Pombeiro tinha um casal, também honrado, por pertencer a um fidalgo. Na Pereira, lugar desta freguesia, também o mosteiro de Vilela tinha 2 casais honrados.
Em 1758, Francisco Machado Botelho, refere nas Memórias Paroquiais que a freguesia de Silvares se situa na província de Entre-Douro-e-Minho, do Arcebispado de Braga, concelho de Lousada, correcção de auditoria da Vila de Barcelos e comarca da provedoria da Vila de Guimarães. A freguesia passou da Diocese de Braga para a do Porto, em 1882. O actual Jardim do Senhor dos Aflitos, até 1857, tinha a denominação de Monte das Pedrinhas até à construção da capela que lhe atribui o nome.